Capítulo 1 - Hora de acordar...

Cap. 1 - Hora de acordar


Bom... já que quer ouvir uma história, vou contar. Mas não algo criado por uma mente mirabolante, e sim algo que foi vivido.


Esta é a história de uma jovem problemática, junto de um orgulhoso e poderoso espírito. Aquela dupla era  duvidosa? Sim! Mas tinha determinação suficiente para mudar o mundo e abalar o céu.


Um pouco mais de 1000 anos depois do nosso mundo ser salvo pelo grande espírito, Arkna. Nossa história começa em um pequeno distrito de clima quente e a população em sua maioria era de pele negra. Este lugar era chamado de Nuratan, que na língua antiga significa Terra do Algodão. 


No distrito eram produzidos os mais requintados e valiosos tecidos, os quais eram distribuídos em todo estado de Tallur pela companhia de comércio de Kauroo e seu irmão Kyunroo.


Numa madrugada especial, a lua brilhava intensamente e parecia estar maior do que o normal. Era o fenômeno lunar que podia ser visto a cada 15 anos. Naquele momento em que a luz da lua encheu todo o quarto, pode ser ouvido o choro de uma criança.


Kauroo era um homem inteligente e bondoso, posso dizer que também tinha uma sorte absurda. Pois conseguiu conquistar a mulher mais bonita do distrito, Rienura. Este mesmo homem parado vendo sua linda esposa segurando uma pequena criatura em seus braços, estava chorando, mas não de tristeza...


"Por quanto tempo vai ficar aí parado, querido? Venha conhecer a nossa filha."


Kauroo se aproximou e pegou o bebê nos braços. Então tocou com a testa na de Rienura e se aproximando mais seus narizes tocaram. Ele chegou os olhos e respirou fundo


"Ela é perfeita"


"Sim! É muito saudável. Porque não escolhe um nome?"


Levantando e se dirigindo a janela do quarto. Kauroo admirava a lua.


"Nunca havia visto uma lua tão brilhante e bonita..."


Parando para pensar, por pouco tempo, diante daquele cenário luminoso e mágico, ele chegou a conclusão. 


"Lua brilhante...! Sim, só pode ser esse. Vai se chamar Luna. Na língua antiga significa Lua brilhante."


"Que lindo nome querido”


Olhando para Luna com um sorriso bobo.


"Poxa, como você se parece com sua mãe, com seu cabelo prateado"


"Mas ela tem seus olhos azuis"


Luna sorri ao ver seu pai pela primeira vez e agarra na ponta do seu dedo.


"Oh, verdade! Ela acabou de abrir os olhos e está sorrindo"



Toda a família deu boas vindas à nova integrante. Eles viveram felizes e tranquilamente por um bom tempo.


Certo! Acho que foram quase 10 anos depois… hum! Isso mesmo! Kauroo já planejava a muito tempo expandir seu negócio por todo estado de Tallur. Então ele decidiu mudar-se, com sua família para capital. Porém, no caminho sua comitiva foi atacada por bandidos. Luna perdeu sua pai e sua mãe naquela viagem. Embora aquela comitiva tenha sido toda massacrada, foi permitido que Luna vivesse.

Sendo a única sobrevivente, passou a morar com os tios, Kyunroo e Sur.


Kyunroo era um homem forte e robusto, estava sempre sorrindo e animado na frente das pessoas, mantendo aparências.  Ele na verdade nutria inveja do seu irmão mais velho, além de ser apaixonado pela Rienura.


Sur não era diferente, sofria muito sendo comparada com Rienura. Se era dito que Rienura era a mais bonita... Sur era a segunda. O casal também não podia ter filhos, pois Sur era estéril. Ela sabia que no coração de Kyunroo não havia lugar para ela.


Todos moradores do distrito e os empregados da residência ficaram felizes, pois a coitadinha teria um lugar para ficar. Como era de conhecimento de todos que o casal não podia ter filhos. Eles viram como uma oportunidade para que os tios pudessem criar Luna como sua própria filha.


Com o passar do tempo Kyunroo se entregou às bebidas. Por dar menos atenção ao trabalho, os negócios estavam indo mal. Que acabou tendo de vender a empresa criada por seu pai, a qual estava aos cuidados de Kauroo. 

Após isso, nem foi necessário 1 ano para demitir os empregados da resistência para economizar. Sobrando apenas Luna e Sur para cuidar de tudo.


"Querida! Como pode ver, não estamos muito bem financeiramente. Então conto com sua ajuda daqui pra frente"


"Tia! A senhora nem precisa pedir! Sou muito grata por tudo que a senhora e o tio Kyun tem feito por mim. Pode contar comigo"


Com o passar do tempo, Luna que normalmente não era vista pela casa, estava sempre fazendo tarefas pela casa e muitas vezes esbarrava no seu tio pelos corredores.


Certo dia, ainda de manhã, Kyunroo estava bêbado. Quando viu Luna limpando a casa, ele começou a alucinar.


"Rienura! Você... Voltou... Rienu... "(desmaiou)


"Tia Sur! O tio caiu! Me ajude!"


"Pode deixar que eu cuido dele, obrigada querida! Vamos ...levante! (Tapa na cara) Vamos para a cama"


Ela o ajudou a andar até o quarto, no caminho ele tentava falar, mas parecia com um ovo na boca. Não tinha como entender.

Quando Sur o colocou na cama, começou a ouvir sussurros enquanto dormia. Mais uma vez chamava por Rienura. Um nome que estava guardado no passado de Sur.


Depois daquilo, Kyunroo não conseguia esquecer a figura de sua amada. Então passou a observar Luna cada vez mais. Até então ele não conseguia entender como confundiu as duas.


"Devo estar delirando, tenho que parar de beber!"


Algum tempo depois, acordando no meio da noite, precisando ir ao banheiro. Kyunroo bebe o restante de uma garrafa na cabeceira da cama e se levantou.


Quando voltava do banheiro cambaleando e acabou tropeçando. Com seu corpo grande e robusto, a porta na direção em que caiu acabou abrindo. Era o quarto de Luna.


Luna continuava dormindo. Mas não foi ela que Kyunroo estava vendo.


"Rienura, Você realmente voltou.... você voltou pra mim Rienura.


Deitando-se na cama com Luna, continuava chamando por Rienura enquanto tocava seu corpo para ver se era real. Até que Luna acorda.


"Tio Kyun? Você está bem? O que está fazendo?"


"Rienura, você realmente está aqui! Adoro quando você sorri. Você é linda!"


"Tio por que está chamando minha mãe?"


"Rienura, você é finalmente minha... você é minha..." (Começa a se despir)


"Tio! Não faça isso! Coloque suas roupas! .... Não.... Pare de me tocar" (Começou a despir Luna forçado-a na cama) Não... Não faça isso, tio!"


Não importava o quanto Luna pedisse, Kyunroo não parava. Aos seus olhos ele via apenas a sua mulher amada sorrindo. Ele perdeu totalmente o controle. Aquela casa agora vazia, não tinha ninguém que pudesse ouvir. O quarto onde Sur estava era distante. Luna já não tinha forças contra ele.


Luna nem tinha chegado aos seus 12 anos quando perdeu sua inocência de forma trágica.


Um dia Sur acabou descobrindo o que seu marido estava fazendo. Mas ficou em silêncio... Por causa do ódio antigo por Rienura. Sur sentiu que novamente estava sendo comparada com ela e ainda estava perdendo. 

A partir daí, passou a tratar Luna mal. Deixando todas as tarefas para ela. Não permitindo erros, pois a cada erro agredia Luna. 

Mesmo assim, Kyunroo, continuava a visitar o quarto de Luna quando bebia demais. E assim se seguiu por mais de 3 anos.


Amanhecendo o dia, o sol traz seu brilho entre nuvens pela janela do quarto da jovem Luna. Seus cabelos como prata refletiam a luz que entrava, enquanto ela dormia. Suas roupas cobriam a sua pele negra, marcada de feridas do seu dia a dia. 


"Hora de acordar vagabunda!" 


Sur acorda Luna jogando um copo de água. Luna imediatamente levantou e se curvou.


"Bom dia, Tia Sur! Vou começar a realizar minhas tarefas."


"Se apresse! Hoje à tarde receberei minhas amigas para tomar chá."


"Agora mesmo tia"


Embora tivesse problemas com os seus tios. Havia uma terceira pessoa por perto que sempre observava em silêncio.


"Finalmente acabei a limpeza!”


Luna comemora radiante secando seu suor do rosto


“Agora, o que farei para o almoço?” 


Ela abriu a janela, ela pode ver os legumes e hortaliças brilharem com o sol radiante sobre a lavoura. Surgindo entre as folhagens altas, ela viu um velho com suas mão sujas de terra.


“Bom dia Sr. Mu! Tem algum legume fresco?"


"(Sorriso largo) (Mostra o cesto com Batatas)"


Ótimo! Por favor! Traga um frango com elas!"


"(Confirma com a cabeça, sorriso)"


Sr. Mu era um dos poucos que lhe tratavam bem. Mas era totalmente impotente enquanto assistia tudo que acontecia com a jovem naquela casa.

Ex. escravo, comprado e libertado por Kauroo. Sr. Mu sempre foi grato a Kauroo e sua família por conceder onde morar e plantar. Não se sabia ao certo seu nome, mas era chamado de Mu, como abreviação de mudinho.


"(Corre, ofega) Tenho que me apressar! Não posso deixa-los de barriga roncando!


Luna sempre se mantinha firme e fazia suas tarefas com muito zelo e carinho para com seus tios. Mas na pressa de servi-los um delicioso almoço, esbarrou em sua tia pelos corredores e caiu.


"Sua imprestável!  Não presta atenção para onde anda? Veja o que fez com a comida.


"Sinto muito tia! Não queria deixar a sra e o tio com fome. Acabei não prestando atenção!"


Como havia dito… Sur não tolerava erros. Por sua falha, Luva levou um tapa na cara.


"Sua inútil! Traga outro prato agora!"


Luna levantou e se curvou


"Imediatamente, tia."


Virando de costas, Sur bufou enfurecida e sorriu de satisfação


"Vá logo!”


Sur havia feito de propósito para provocar Luna! Mas como era obediente e submissa, aceitava tudo e não reclamava em nenhum momento.


"(Olha de longe, cai o semblante, triste)"


O velho Mu só podia assistir. Não havia nada que pudesse fazer por ela. A não ser trata-la bem honrando ao seu pai.

E quanto ao Kyunroo?, por mais que ficasse incomodado com a relação de Luna e sua esposa, está para nascer homem mais frouxo com a mulher. Claro que aquele traste realmente não merecia nem um pingo de consideração.


“Querida, não está sendo muito dura com a garota? “


“Ela é forte! Pode muito bem suportar a pressão. Eu cuido dela! E você é a última pessoa que deveria se preocupar com ela.”



“Está bem! Não vou me intrometer em seus assuntos com ela.”



“Nem eu nos seus assuntos… (Fitando os olhos de cima a baixo, com desprezo)”


Kyunroo tosse enquanto bebia e olha para o lado, pensando que engana alguém. Só resta ficar calado depois dessa.


“Entendo…”


À tarde, Luna vai para o jardim. Deitando-se na grama, descansava e refletia. Não queria incomodar as convidadas de sua tia, então ficou afastada da residência. 

Chorando enquanto se lembrava e  sentia saudade dos seus pais, ela lembrava principalmente das últimas palavras do assassino.


"(Sou apenas uma ferramenta, assim como está faca com o sangue de sua mãe, nas minhas mãos)"


"  O que ele queria dizer com aquilo?"


Em meio a madrugada, Luna recebe a rotineira visita de seu tio. Enquanto o ouvia a chamar por sua mãe, sua mente era inundada das boas lembranças que ela guardava no seu coração.


Quando Kyunroo ficou satisfeito, voltou para o seu quarto.  Luna se levantou e foi se lavar num riacho perto da propriedade.  Não havia amanhecido ainda e a lua brilhava radiante no céu.  Ela continuou caminhando seguindo a correnteza em direção ao penhasco do vale. 

Ela não podia ver, mas algumas  figuras que não eram deste mundo estavam seguindo seus passos.







……….Fim do capítulo 1……


Significados das palavras na linguagem antiga (Criada para novel)


Lun = Lua


Naa = Luz, Brilho, brilhante, clarão…


Suur = Cardume com muitos peixes, muito usado nas regiões costeiras por pescadores e marinheiros. Mas também significa fartura e prosperidade.


Kau = Sombra


Kyun = Tronco ou tronco robusto


Roo = Árvore ou referência para plantas


Rien = Caverna na cachoeira, gruta.


Nura = algodão


Tal= Monte ou montanha


Lur= Elemento fogo, pode ser traduzido como flamejante, chamas, quente. Dependendo do acompanhamento 


Tan = Sufixo sempre usado para fazer menção de terras ou regiões específicas. Também referência ao elemento terra(exp.: Nuratan, Terra do Algodão)


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